A microbiota existente nos seres humanos é resultante de anos de evolução de uma relação simbiótica. Essa relação nos trouxe inúmeros benefícios, incluindo proteção contra patógenos, manutenção da integridade da barreira intestinal, metabolização de nutrientes e medicamentos, síntese de vitaminas (K e B12) e produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC).

O trato gastrointestinal humano apresenta diferentes composições de espécies bacterianas, sendo estas definidas geneticamente e/ou por características individuais e ambientais. Cada indivíduo possui uma microbiota intestinal única, composta de bactérias distintas, em sua maioria não patogênicas que são que são herdadas do hospedeiro, adquiridas no nascimento e que se desenvolve de acordo os hábitos de vida, uso de medicamentos, estresse e, até, a localização geográfica.

A utilização de antibióticos, sedentarismo, quimioterapia para o câncer e processos infecciosos do trato gastrointestinal (TGI) podem alterar permanentemente ou transitoriamente o ecossistema intestinal. Outro fator importante na alteração da microbiota intestinal é a dieta.

Nossa alimentação pode afetar a sobrevivência e metabolismo dessas bactérias, causando alterações no padrão de colonização bacteriana e gerando processos inflamatórios no nosso organismo. Logo, uma microbiota intestinal saudável e equilibrada resulta em um desempenho normal das funções fisiológicas, o que irá assegurar melhoria na qualidade de vida.

Uma produção elevada de substâncias inflamatórias no organismos favorece o aparecimento de diversas doenças, como câncer, doença inflamatória intestinal, obesidade, entre outras. Os compostos bioativos* da dieta têm um papel fundamental na imunomodulação da microbiota.

Estudos demonstraram que tanto a ingestão dietética quanto a microbiota intestinal são fontes de micronutrientes essenciais ao funcionamento do sistema imune.

A dieta influencia a atividade metabólica e a composição da microbiota intestinal, tendo um efeito sobre as respostas imune e inflamatórias, com consequências para a saúde. Em uma dieta com pouco consumo de fibras a microbiota intestinal passa a degradar o muco presente na barreira intestinal aumentando a susceptibilidade a patógenos.

Alimentos ultraprocessados, industrializados, adoçantes, emulsificantes, a dieta ocidental (tipicamente constituída por alto consumo de carne vermelha, gordura animal, açúcar e pobre em fibras), fornecem menores quantidades de fibras, levando à menor produção de ácidos graxos de cadeias curtas pela microbiota intestinal, sendo estes produtos imunomoduladores essenciais. O consumo desses alimentos podem ter um impacto negativo na saúde, sendo parcialmente responsável pela obesidade e outras doenças crônicas.

O consumo dos alimentos ultraprocessados pode levar à modificação da microbiota intestinal, causando desequilíbrio, gerando um processo inflamatório e, consequentemente, um intestino hiperpermeável.

Com a permeabilidade intestinal aumentada podem ocorrer alterações clínicas como:

  • diarreia (associada a infecções ou ao tratamento por antibióticos);

  • alergia alimentar;

  • eczema atópico;

  • doenças inflamatórias intestinais;

  • artrite, entre outras.

Além disso, é provável que o intestino sofra uma redução na capacidade de absorção de nutrientes importantes e uma carência de vitaminas, principalmente do complexo B, além de vitaminas A, C e D.

*Os compostos bioativos são substâncias que estão presentes em alguns alimentos, e são capazes conferir benefícios fisiológicos ao organismo, e assim, promover a saúde.

Modulação Intestinal

A modulação Intestinal é um conjunto de intervenções aplicadas ao trato gastrointestinal, com o objetivo principal de reequilibrar as proporções de bactérias que compõe a microbiota.

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Suplemento nutricional Bi-Zen

A restauração da composição da microbiota intestinal deve ser realizada em termos qualitativos e quantitativos, de modo que diminua a incidência de bactérias patogênicas, em sua maioria responsáveis por esses desequilíbrios. Com a modulação da microbiota intestinal é possível obter diversos benefícios, como melhora dos sintomas gastrointestinais, disposição, fortalecimento do sistema imunológico, entre outros.

A modulação intestinal auxilia na proteção do epitélio intestinal, fornece nutrientes para a produção de substâncias benéficas ao organismo e evita a exposição do intestino a agentes agressores e desreguladores do metabolismo.

Em alguns casos, medidas apropriadas devem ser prescritas para restaurar o equilíbrio da microbiota intestinal. Adoção de uma dieta adequada, que beneficia a recuperação da microbiota intestinal e também o uso de suplementos* nutricionais podem ser indicados.

Como fazer a Modulação Intestinal?

A boa notícia é que existem os alimentos com potencial anti-inflamatório e prebióticos, que atuam fortalecendo nossas defesas e equilibrando nossa microbiota. Por isso, uma das abordagens utilizadas por profissionais da saúde é a inclusão de prebióticos na dieta.

Os prebióticos são substâncias fermentáveis, não digeríveis, que promovem e ativam o metabolismo de bactérias benéficas no trato intestinal e visam modificar a composição do ecossistema intestinal por meio de mudanças nutricionais. Um dieta rica em fibras pode proteger contra a inflamação intestinal por aumentar a produção de AGCC e bactérias anti-inflamatórias, incluindo Lactobacillus e Bifidobacterium. Além disso, a dieta para a prevenção e o tratamento da disbiose exige reeducação alimentar, evitando-se o excesso de ingestão dos alimentos considerados pró-inflamatórios. Agregar alimentos anti-inflamatórios à dieta e reduzir o consumo de alimentos pró-inflamatórios pode trazer grandes benefícios à nossa saúde.

Veja abaixo quais são considerados os principais alimentos anti-inflamatórios e suas funções no intestino:

  • Suco de laranja: tem capacidade de modular positivamente a composição e a atividade metabólica da microbiota, podendo aumentar as populações de Bifidobacterium e Lactobacillus.

  • Frutas cítricas, cereja, uva, ameixa, pêra, maçã, mamão, pimenta verde, brócolis, repolho roxo, cebola, alho e tomate: são fontes de compostos fenólicos e polifenóis que ajudam a modular a microbiota intestinal e contribuem para o crescimento de bactérias benéficas a saúde.

  • Cúrcuma: possui efeitos benéficos no epitélio intestinal e no sistema imunológico, atuando no fortalecimento da barreira intestinal.

  • Extrato de romã: fonte de compostos polifenólicos e resveratrol, que possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

  • Condimentos frescos/secos como alecrim, orégano, gengibre, curry, canela, menta e hortelã: podem auxiliar na eliminação de bactérias patogênicas e promovem uma desinflamação intestinal, melhorando a simbiose das bactérias intestinais.

Acompanhar e entender a composição da microbiota intestinal é um excelente indicador de manutenção da saúde. Hoje existem no mercado testes que possibilitam a identificação das bactérias presentes na microbiota através do sequenciamento de DNA. As informações do sequenciamento correlacionadas com as condições clínicas podem fornecer informações valiosas para o profissional da saúde, que poderá ter condutas individualizadas e baseadas em evidências.

* É importante ressaltar que a suplementação de probióticos, prebióticos e simbióticos, assim como uma dieta, devem ser feitos por um profissional qualificado, pois o uso incorreto pode causar resultados diferentes dos desejados.

 

Fonte: BiomeHub

 

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Novas descobertas microbiota intestinal: O Segundo Cérebro.

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