A fluoretação no abastecimento público de água gera controvérsia em todo o mundo. O flúor pode ser ingerido através de alimentos que são processados usando água fluoretada, pasta de dentes fluoretada, e até mesmo no chá preto e verde (as folhas de chá maduras contêm de10 a 20 vezes os níveis de flúor de folhas jovens da mesma planta), (10* 11* 12*) mas talvez o maior contribuinte para a ingestão de fluoreto humano seja o abastecimento de água fluoretada.
O fluoreto é a forma iônica do flúor. Seus sais e minerais são importantes reagentes químicos e produtos químicos industriais, usados principalmente para produzir fluoreto de hidrogênio para fluorocarbonos. Os íons do fluoreto assemelham-se aos íons do hidróxido na carga e no tamanho, e ocorrem em diversos minerais, particularmente na fluorita. Na água possuem somente vestígios. O mineral colorido possui um sabor amargo, mas não adiciona cor aos sais do fluoreto.
Os movimentos anti-fluoretação, aumentaram em todo os EUA nos últimos anos. Se desejarem, as comunidades podem remover o flúor da água através de equipamentos de filtração de água adequadamente projetados. Os equipamentos podem ser instalados em áreas com abastecimento de água pública fluoretada ou em fontes privadas que possuem fluoreto na água.
A OPOSIÇÃO
A controvérsia sobre a fluoretação da água surge das preocupações políticas, morais, éticas e de segurança pública na água. Enquanto alguns países, particularmente na Europa, cessaram a fluoretação, a polêmica persiste em outros. Aqueles em oposição argumentam, que a fluoretação da água pode causar sérios problemas de saúde, não é suficientemente eficaz para justificar os custos e tem uma dosagem que não pode ser controlada com precisão em todo o sistema de distribuição de água (1 2 3*). Os defensores apontam para taxas de cáries reduzidas entre crianças, mas vários países europeus viram as taxas de caries permanecerem iguais ou diminuírem depois de cessar a fluoretação em fontes de água. Além disso, alguns argumentam que as crianças que não frequentam o dentista regularmente ou escovam os dentes com pasta de dente contendo flúor, mais tipicamente em áreas pobres, se beneficiam de um abastecimento de água fluoretada.
A fluoretação da água ainda é usada nos EUA, Reino Unido, Irlanda, Canadá, Austrália e alguns outros países. Em contrapartida, as nações abaixo deixaram de fluoretar suas águas e são listadas com os anos em que praticaram a fluoretação:
Alemanha Ocidental (1952-1971)
Suécia (1952 – 1971)
Holanda (1960 -1973)
Checoslováquia (1955-1990)
República Democrática Alemã (1959-1990)
União Soviética (1960-1990)
Finlândia (1959-1993)
Japão (1952-1972)
Israel (1981-2014)
Na Holanda, a água foi fluoretada em partes do país de 1960 a 1973, período em que o Supremo Tribunal decidiu que as autoridades não tinham base jurídica para adicionar produtos químicos na água potável, caso não fosse melhorada a segurança. Também foi afirmado que os consumidores não tinham a opção de escolher um fornecedor diferente para a água de abastecimento público.
A FAVOR DO FLUORETO
Mesmo assim, a Associação Americana Odontológica considera a fluoretação de água “uma das medidas de saúde pública mais seguras, benéficas e econômicas para a prevenção, controle e, em alguns casos, reversão da cárie dentária“. A Health Canada apoia a fluoretação, citando análises científicas internacionais que não indicam ligação entre os efeitos adversos para a saúde e a exposição ao flúor na água potável em níveis inferiores à concentração máxima aceitável de 1,5 miligramas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a fluoretação é uma forma eficaz de prevenir a cárie dentária em comunidades pobres: “Em alguns países desenvolvidos, os benefícios econômicos e de saúde da fluoretação podem ser pequenos, mas particularmente importante em áreas desfavorecidas, onde a fluoretação da água pode ser um fator chave na redução das desigualdades na saúde dentária.”
O único efeito adverso conhecido na dosagem recomendada para a fluoretação da água é a fluorose dentária, que provoca manchas brancas brilhantes na superfície dos dentes em crianças. A condição é apenas estética e improvável que represente qualquer outro efeito na saúde pública. Alguns países ainda escolhem a fluoretação da água como um método para reduzir a cárie em crianças e adultos (4*).
EFEITOS MAIS COMPLEXOS
Mais efeitos adversos ocorrem quando o flúor se apresenta acima dos níveis de concentração recomendados. Estes incluem fluorose dentária severa, fluorose esquelética (que causa dor e danos às articulações) e ossos enfraquecidos (5*). A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de um valor máximo de fluoreto de 1,5 mg / L ainda está sendo debatida (6*). De fato, em abril de 2015, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos baixou a dose recomendada de flúor na água potável para 0,7 mg / L em todo o país. A mudança foi a primeira desde 1962, quando o governo federal sugeriu até 1,2 mg / L em áreas com climas mais frios e 0,7 mg / L em áreas mais quentes, onde as pessoas consomem mais água.
A aplicação em excesso de flúor, causam sintomas como náuseas, vômitos e diarreia. Três desses surtos relatados nos EUA entre 1991 e 1998 foram causados por concentrações de flúor até 220 mg/L. Um surto em 1992 no Alasca, deixou 262 pessoas doentes e uma morta (8*). Em 2010, cerca de 60 litros de flúor foram liberados para o abastecimento de água em Asheboro, Carolina do Norte, em 90 minutos a quantia destinada a ser lançado em um período de 24 horas.
Referências:
1*.“American Public Health Association Community Water Fluoridation in the United States.Oct. 28, 2008,
http://www.apha.org/advocacy/policy/policysearch/default.htm?id=1373.
2*.“Recommendations for using Fluoride to Prevent and Control Dental Caries in the United States.” Centers for Disease Control. Aug. 17, 2001,
http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/rr5014a1.htm.
3*.Autio-Gold, J. & Courts, F. “Assessing the effect of fluoride varnish on early enamel carious lesions in the primary dentition.” The Journal of the American Dental Association.
http://www.jada.info/cgi/content/full/132/9/1247.
4*.Parnell, C.; Whelton H.; & O’Mullane D. (2009). “Water fluoridation.” European Archives of Paediatric Dentistry. 10(3):141–8. PMID 19772843.
5*.Fawell, J.; Bailey, K.; Chilton, J.; Dahi, E.; Fewtrell, L.; & Magara, Y. (2006). “Fluoride in Drinking-water.” World Health Organization. Guidelines and standards. pp. 37–39.
6*.Fawell, J.; Bailey, K.; Chilton, J.; Dahi, E.; Fewtrell, L.; & Magara, Y. “Fluoride in Drinking-water.” World Health Organization.
7*.Autio-Gold, J. & Courts, F. “Assessing the effect of fluoride varnish on early enamel carious lesions in the primary dentition,” The Journal of the American Dental Association.
http://www.jada.info/cgi/content/full/132/9/1247.
8*.Balbus, J.M. & Lang, M.E. (2001). “Is the water safe for my baby? ” Pediatric Clinics of North America. 48(5): pp. 1129–52, viii. doi:10.1016/S0031-3955(05)70365-5. PMID 11579665.
9*.van der Lek, B. (1976). “De strijd tegen fluoridering”. De Gids. pp. 139.
10*.Wong, M.H.; Fung, K.F.; & Carr, H. P. (2003). “Aluminum and fluoride contents of tea, with emphasis on brick tea and their health implications. Review.” Toxicology Letters, 137 (12): pp.111–120. doi:10.1016/S0378-4274(02)00385-5. PMID 12505437.
11*.Malinowska, E.; Inkielewicz, I.; Czarnowski, W.; & Szefer, P. (2008). “Assessment of fluoride concentration and daily intake by humans from tea and herbal infusions.” Food and Chemical Toxicology, 46 (3): pp. 1,055-1,061. doi: 10.1016/j.fct.2007.10.039. PMID 18078704.
12*.Gardner, E.J. (2007). “Black tea — helpful or harmful? A review of the evidence.” European Journal of Clinical Nutrition. 61(1): pp. 3-18. PMID 16855537.
Fonte: Water Technology, Mark St. Hilaire e Norm Marowitz, adaptado por Portal Tratamento de Água – www.tratamentodeagua.com.br
Traduzido por Gheorge Patrick Iwaki.